sábado, 25 de junho de 2011

Rodong Sinmun critica Japão

Pyongyang, 22 de junio (ATCC) -- Las autoridades japonesas pretenden tolerar el emplazamiento de los aviones de transporte de despegue y aterrizaje verticales de Estados Unidos en la base militar norteamericana de Futenma, volviendo a revelar su asqueroso aspecto ante la sociedad internacional.

Señala el diario Rodong Sinmun en un comentario individual de este miércoles y prosigue:

EE.UU. persigue la malsana intención de convertir Okinawa en la base militar con la capacidad estratégica más reforzada que en el tiempo anterior y utilizarla a la realización de su ambición hegemónica, dando espaldas a la opinión pública de los habitantes locales.

EE.UU. dice abiertamente que en el caso de emplazar los aviones de transporte de nuevo tipo en Okinawa, podría "fortalecer" la combatividad del cuerpo de marines norteamericanos en el "tiempo de emergencia" del Estrecho de Taiwán y de la Península Coreana.

Lo más cuestionable es que las autoridades japonesas se adhieren a esta medida militar de EE.UU.

[b]En lugar de demandar la abolición de las bases militares norteamericanas en Japón, las autoridades de este país isleño tratan de explicar a los habitantes locales la posición y los métodos de instalación de los equipos sustituibles del aeropuerto militar de Futenma.[/b]

Los habitantes japoneses repudian el proceder humillante de los politiqueros japoneses que suelen hablar de la "diplomacia independiente" obedeciendo a ciegas a su amo norteamericano.

Fonte: KCNA

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A China em nossas vidas

Luiz Manfredini

Há 60 anos, em 1º de outubro de 1949, Mao Tsé-tung proclamou a República Popular da China. Na praça Tiananmen, a praça da Paz Celestial, em Pequim, proferiu diante de milhares de chineses – e para o mundo - a frase que se imortalizou: “A China não está mais à venda”.




A trajetória da China nessas seis décadas é cara a todos quantos lutam pelo socialismo. Eu poderia registrá-la mencionando que a economia chinesa é a que mais cresce no mundo e alinhar numerosos dados que confirmam a pujança do poderoso, inusitado crescimento chinês. Referir, por exemplo, que a média desse crescimento, nos últimos anos, tem sido de estonteantes 10%, taxa superior a das maiores economias mundiais. Aludir que, nessa toada, em duas, três décadas a China será a maior economia do mundo. Citar – e com muito orgulho – que essa economia retirou da linha da pobreza, nos últimos 30 anos, nada menos que 450 milhões de chineses. E mais: que a China é o maior produtor mundial de alimentos, que investe pesado na educação, no desenvolvimento tecnológico, na infraestrutura. E seguiria adiante, se desejasse, pois vastos e ricos são os indicadores econômicos e sociais, fruto de um socialismo que soube, com inventiva, renovar-se e avançar.

Mas tudo isso vem sendo dito e ainda será dito por vozes mais competentes que a desse modesto escriba da província. Dispenso-me, portanto, de exame mais extensivo e a fundo do fenômeno chinês. Até porque o que me toca, a mim e a geração de revolucionários brasileiros que se formou no início dos anos 60, é sobretudo o forte simbolismo que a revolução chinesa exerceu sobre nós. Aquela revolução que parecia resgatar das mãos soviéticas – atadas pelo kruchovismo - as bandeiras revolucionárias originais e reascender no mundo as esperanças transformadoras. Aquela revolução cujo líder, Mao Tsé-tung, escrevia de modo simples e metafórico verdades límpidas e luminosas.

Recordo-me como vibramos quando a ONU, após anos de insistência da Albânia, admitiu em seus quadros a República Popular da China, expulsando aqueles farsantes de Taiwan. Mais tarde, em 1974, nos emocionamos em ver imagens da China na controlada TV brasileira da ditadura, quando o Brasil reatou relações diplomáticas com o gigante socialista da Ásia.

Muitos de nós – talvez a maioria de nós – não compreendeu as reformas de 1978 capitaneadas por Deng Xiaoping. Certamente por estarmos ainda com a idéia do modelo único de socialismo e alguns dogmas na cabeça, não alcançamos a genialidade dos chineses – uma civilização (respeite-se) com quatro mil anos de história e uma liderança revolucionária altamente qualificada – que cursavam um caminho próprio, fundamentado nos princípios do marxismo-leninismo, claramente dirigido à construção do socialismo, mas singular, ajustado às características chinesas. Algo que, ao menos nós, do PCdoB, consideramos já a partir do VIII Congresso, em 1992, quando refletimos criticamente sobre as primeiras experiências socialistas do século XX, e aprofundamos agora, no processo do XII Congresso, quando anunciamos um novo programa socialista.

Mas a China nos toca por algo que transcende às estatísticas sócio-econômicas. É o tal simbolismo revolucionário que nos faz testemunhar com júbilo, quando observamos aquele gigante, uma verdade alentadora, a de que o socialismo vive e progride e continua sendo a alternativa civilizatória para o mundo. Toca-nos, a grande China (ou a velha China, para usarmos uma expressão carinhosa) pelo que representa, pelo que infunde de vigor aos nossos sonhos por um mundo mais justo, um mundo de paz, cultura, abastança e solidariedade.

Não foi por outra razão, senão por esses fortes elos simbólicos, que possuem muito de subjetivo, que em 1999 me emocionei ao assistir, pela TV, as comemorações dos 50 anos da revolução, e vi o então Presidente Jiang Zemin a bordo de um carro aberto e dotado de microfones, dizer várias vezes à multidão de soldados que passava em revista: “Como estão, camaradas?”. E os soldados, nas tantas vezes em que ouviam a indagação de Zemin, responderem, num uníssono ensurdecedor: “Prontos para servir ao povo”. Naquele instante, com o neoliberalismo ainda massacrando os povos pobres do mundo, as vozes poderosas que se erguiam da Praça da Paz Celestial, em Pequim, deram-me uma sensação reconfortante, entusiástica até, de que não estávamos sós no mundo, de que nós os comunistas, socialistas, democratas, progressistas não estávamos sós. Que por trás das nossas lutas, havia o respaldo da pujante força socialista da China.

Senti algo semelhante ontem cedo, quando assisti pela TV o Presidente Hu Jintao, vestindo o tradicional uniforme estilo Mao, passava em revista a tropa de oito mil soldados a bordo da lumusine de teto aberto e diante de multidão de 200 mil pessoas. “Camaradas, estais trabalhando duro”, dizia aos soldados, que respondiam, no mesmo uníssono ensurdecedor de dez anos atrás: “Nós servimos ao povo”. Depois, em discurso, Jintao garantiu que "o desenvolvimento e o progresso nos últimos 60 anos demonstram plenamente que só o socialismo pode salvar China”. Uma China socialista que não está mais a venda e não quer comprar ninguém.

Fonte: Portal Vermelho

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A China moderna é rebento da Revolução

Em primeiro de outubro transcorre o 60º aniversário da fundação da República Popular da China, ponto culminante da grande revolução popular dirigida pelo Partido Comunista Chinês sob a liderança de Mao Tsétung. Na história milenar do povo chinês, a vitória da Revolução equivale a um renascimento nacional e à redenção da grande nação asiática das humilhações sofridas desde que o país se tornou presa das potências imperialistas.

Por José Reinaldo Carvalho*





Povo reunido na Praça Tiananmen para celebrar o estabelecimento do governo popular em 1º de outubro de 1949

Durante a primeira metade do século 19, em plena decadência da dinastia Qin e do regime feudal, a primeira Guerra do Ópio (1840-42) resultou na subjugação e divisão da China pelo Império Britânico. As classes dirigentes renderam-se aos poderes internacionais da época, sob cuja dominação o país debilitou-se, o povo definhou, a nação se dividiu a ponto de quase desagregar-se à mercê do equilíbrio de poder entre as potências de então e das visões estreitas e provincianas dos senhores da guerra locais.

A primeira tentativa heróica do povo chinês de se libertar, construir uma nação independente, buscar o progresso social e desempenhar com altivez um papel relevante num mundo em mutação marcado por revoluções e cruentas disputas interimperialistas, foi a Revolução de 1911, liderada pelo Dr. Sun Yatsen, um patriota precursor dos combates e batalhas que comoveriam e revolveriam a China e o continente asiático durante toda a primeira metade do século 20 e mais além. A Revolução de 1911 tinha um marcado caráter nacional e democrático. Seus limites, porém, não permitiram avançar rumo à verdadeira libertação nacional e social do povo chinês. Já naquela altura, tornara-se patente que a questão nacional não se podia dissociar do antiimperialismo e da perspectiva socialista. A direção democrática-burguesa não era mais suficiente para abrir uma etapa histórica nova à grande nação asiática.

Encontro com o marxismo-leninismo

Foi o encontro da vanguarda chinesa com o marxismo-leninismo, concretizado pela fundação do Partido Comunista Chinês, em 1º de julho de 1921, que abriu novos horizontes e largas perspectivas ao desenvolvimento da Revolução.

A história de três décadas incompletas desde a fundação do Partido até a tomada do poder em outubro de 1949 condensa ricos ensinamentos para as atuais gerações de lutadores pela causa do socialismo no mundo. Certamente, é outro o contexto histórico, o que desautoriza as repetições e cópias mecânicas. A própria Revolução Chinesa se desenvolveu e se tornou vitoriosa rejeitando o dogmatismo, o que em si já é uma lição a reter. Uma das grandes virtudes da direção chinesa foi conduzir a Revolução tomando como referência fundamental as peculiaridades nacionais, a particularidade de cada momento e etapa. Uma grande visão estratégica e raras flexibilidade e habilidade táticas garantiram um bom manejo político em cada batalha concreta. A maestria da velha guarda chinesa, com Mao Tsétung à frente, e com dirigentes da envergadura de Deng Xiaoping, Chou Enlai, Liu Xaoxi e outros, fez com que o Partido soubesse alterar as táticas conforme os fluxos e refluxos do processo objetivo, concertar alianças as mais amplas e variegadas, o que lhe permitiu sortear difíceis obstáculos.
Tal capacidade de direção e de condução política só foi possível pela combinação de duas virtudes essenciais numa vanguarda revolucionária: o conhecimento vasto e profundo da realidade nacional e o domínio do marxismo-leninismo. Foi esta combinação que tornou a direção chinesa vitoriosa. Nisso reside um dos “segredos” da condução política – firme nos princípios sem ser dogmática; ampla e flexível nos métodos e procedimentos táticos sem ser pragmática nem liberal.


Salto civilizacional

A Revolução traduziu-se num espetacular salto civilizacional para o povo chinês. O triunfo da Revolução em 1º de outubro de 1949 tem por cenário uma China retrógrada, uma das sociedades mais pobres e atrasadas do mundo de então, semifeudal, semicolonial, dependente e submissa às potências imperialistas.

A Revolução tornou a China independente, abriu caminho para a construção do socialismo, enfrentou complexos e angustiantes problemas econômicos e sociais e retomou o processo de unificação do país, de construção da China una, indivisível e com plena integridade territorial. Durante estas seis décadas, ocorreram lutas políticas de envergadura contra as classes outrora dominantes e os intentos de desestabilização do novo poder – a ditadura da democracia popular – pelo imperialismo. Foi uma evolução sinuosa, marcada por sérios conflitos internos. O país avançou em meio a acertos e erros, a fluxos e refluxos e comemora hoje os 60 anos da Revolução Popular nacional-libertadora que iniciou a construção do socialismo, com o justo orgulho de que venceu importante etapa de uma longa e gloriosa caminhada.


Rumo a uma sociedade próspera

Metade do caminho percorrido corresponde ao período em que se aplica a política da Reforma e Abertura, no quadro da etapa primária do socialismo, iniciada em 1949 e que pode durar até 2050, quando a direção chinesa tem a expectativa de haver construído uma sociedade próspera. Durante a Reforma e a Abertura, a China aboliu a economia estritamente planificada e adotou os critérios de mercado, racionalizou o setor estatal, diversificou as formas de propriedade, introduziu extensamente o capital estrangeiro, incrementou enormemente a produção voltada para as exportações e absorveu tecnologia, cultura e métodos de administração do exterior. Em pouco tempo, observa-se extraordinário desenvolvimento das forças produtivas, um vertiginoso progresso econômico, uma veloz mobilidade social e a acelerada redução da pobreza. A China é hoje uma das principais economias do mundo e em todos os sentidos pode ser chamada de potência emergente.

Por óbvio, a par das enormes conquistas, surgem inevitavelmente sérios problemas e desequilíbrios econômicos, sociais, ambientais, culturais, morais e políticos. A atual direção chinesa, liderada pelo presidente Hu Jintao, propõe, em face desses problemas, que se adote o caminho científico do desenvolvimento, consciente de que tal como os problemas não surgem espontaneamente nem da noite para o dia, não serão resolvidos subjetivamente nem com um passe de mágica.

Fase luminosa da história da China

Irrepetível como toda revolução, a Revolução Chinesa mudou as correlações de forças no mundo. Episódio no século 20 somente superado pela Grande Revolução Socialista de Outubro que a antecedeu na velha Rússia, e que foi a experiência pioneira de triunfo de uma Revolução Socialista, a Revolução Chinesa exerceu grande influência no mundo. A China de Mao Tsétung estimulou as lutas anticoloniais e antiimperialistas da segunda metade do século 20, impulsionou movimentos revolucionários e solidarizou-se com todos os povos amantes da paz, da liberdade e da independência. Hoje, num contexto inteiramente distinto, a China continua a dar sua contribuição para a paz, a cooperação e o desenvolvimento no mundo. Como potência emergente, é fator incontornável no atual balanço internacional de forças, aliada estratégica das forças que lutam pela paz, contra o hegemonismo, pela independência e soberania nacionais e pelo socialismo.

Se a China vive hoje a fase mais luminosa de sua milenar história, se o país dá passos significativos para vencer definitivamente a pobreza, se alcança indicadores importantes de progresso social, se reúne melhores condições de promover a justiça social, se está dando gigantescos saltos em seu desenvolvimento econômico, consolidando o poderio nacional, fortalecendo sua independência e avançando irreversivelmente na unificação e integridade territorial, tudo isso é fruto das heróicas gestas revolucionárias que culminaram na vitória de 1º de outubro de 1949. É fruto das gigantescas e inesgotáveis energias do povo chinês, mobilizado, organizado e unido sob a direção do Partido Comunista. Esta China moderna, progressista, avançada, desenvolvida, que constrói a prosperidade de seu povo, que encanta e surpreende a tanta gente no mundo e assombra os inimigos da paz e do progresso social, é um belo rebento da Revolução. É a ela que, como amigos da China, do povo chinês e de seu Partido Comunista rendemos neste momento as nossas homenagens.


*secretário de Relações Internacionais do PCdoB

Fonte: Portal Vermelho

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Um século com Deng Xiaoping...



Para comemorar o 60º aniversário da fundação da República Popular da China, o site da CCTV criou uma página especial, onde pode ser encontrado fotos, vídeos e outras coisas a respeito da história da Nova China ao longo dos últimos sessenta anos. Em uma página especial, dedicada aos 30 anos da política de Reforma e Abertura, é possível encontrar diversas informações interessantes, entre elas, um documentário sobre a vida do falecido líder revolucionário Deng Xiaoping. O documentário foi produzido pela própria CCTV e possui nove partes.

Link: http://www.cctv.com/espanol/special/30anos/01/02/index.shtml

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Análise marxista

O texto que publicamos abaixo é de autoria do espanhol Jose Maria Rodriguez, estudioso de assuntos chineses. No texto, José Maria Rodríguez expõem de maneira bastante simples, porém, não menos interessante, o que foi o fenomeno que na China ficou conhecido como "Grande Revolução Cultural Proletária" e suas consequências na Espanha. Também explica o que significou a política de Reforma e Abertura e o impacto da mesma no movimento comunista chinês.



ALGUMAS LIÇÕES DA “REVOLUÇÃO CULTURAL”





No ano de 1966, na China, se desencadeia a “Grande Revolução Cultural Proletária” que duraria na prática até 1976. Esse acontecimento teve uma enorme repercussão, não somente na China, mas também em todo o hemisfério ocidental. Igualmente muitos comunistas chineses liderados por Mao Zedong, muitos comunistas no ocidente estavam muito descontentes pelo fato das graves acusações de Kruschev contra Stálin, depois da morte do líder soviético. Para uma parte minoritária daqueles que militavam em organizações comunistas na Espanha, a revolução cultural na China significava um “basta” contra os desvios do marxismo-leninismo da nova direção de Kruschev.

Também era um insulto inaceitável ao marxismo-leninismo a unidade ideológica entre a nova direção soviética e o imperialismo estadosunidense contra o dirigente máximo da vitória contra o nazismo, Josef Stálin (Convém dizer que, na Espanha, durante a ditadura terrorista de Franco, os anarquistas e trotskistas, tão abundantes hoje em dia, praticamente não existiam).

Na Espanha, um dos motivos principais do descontentamento era a política de colaboração com a oligarquia adotada pela direção do PCE, dirigido por Santiago Carrillo, que defendia a reforma da ditadura do capital monopolista. Porém, a grande maioria do movimento comunista ocidental, e espanhol, continuou ao lado da nova direção soviética, nascendo daí o chamado “eurocomunismo” e, depois da chegada do poder de Brezhnev, os chamados partidos “pró-soviéticos”.

O “GRANDE SALTO À FRENTE”



cartaz de propaganda do Grande Salto à Frente, 1959.


Ainda que a revolução cultural chinesa tivesse características mais destrutivas e prolongadas, ela teve um antecedente: o “Grande salto à frente”. Este foi um movimento que durou dois anos e tinha como objetivo principal desenvolver a produção, especialmente a de aço na industria e produtos agrícolas no campo. Seus resultados práticos foram um fracasso. Houve um grande aumento na produção de aço, porém a grande parte era de qualidade muito baixa. O aço era fabricado por todas as partes, cidades, povoados e comunas, chegando a se mesclar diferentes metais em fornos caseiros durante o processo de fundição. Esse foi o motivo de boa parte do aço produzido ser de má qualidade.

No campo se levou a cabo a coletivização e para aumentar a produção se teve a idéia de matar pássaros, para evitar que se comessem as sementes. Porém, tal iniciativa gerou uma baixa espetacular na produção agrícola de 1959, devido ao fato de que ao diminuir a grande quantidade de pássaros, aumentou significativamente a grande quantidade de insetos que provocaram enormes perdas (juntamente com o tempo dedicado pelos camponeses para se criar fornos caseiros para fundição do ferro).

O fracasso do “Grande salto à frente” fez com que Mao fizesse uma relativa autocrítica e assim se afastou da sua jornada diária de trabalho no governo, dando espaço para Liu Shaochi e Deng Xiaoping. Mao Zedong reaparece na vida política chinesa, após a eclosão da revolução cultura, em 1966 e todos que restauraram a ordem social e restabeleceram a política de crescimento econômico foram eliminados politicamente.

A “GRANDE REVOLUÇÃO CULTURAL PROLETÁRIA”

A Revolução Cultural chinesa considerava que para evitar o perigo da restauração capitalista no país, que Mao Zedong via como inevitável na URSS, era necessário continuar considerando a luta de classes como a tarefa central. Portanto, os comunistas chineses teriam que continuar com o processo de agitação e propaganda, da educação ideológica da revolução proletária e eliminar os seguidores do “caminho capitalista” dentro do partido e da sociedade. Além disso, se considerava que no futuro deveria haver mais revoluções, para que se evitasse a restauração. Por um lado, no decorrer da revolução cultural, adquirindo um especial protagonismo estava Lin Biao, que fora elegido pelo próprio Mao como seu sucessor. Lin Biao foi o editor principal do conhecido Livro Vermelho e mais tarde tentou afastar Mao do poder. Os planos do golpe de estado de Lin Biao foram descobertos e o dirigente acabou morrendo em um desastre de avião, quando tentava fugir para a URSS. No outro lado do tabuleiro, estava o chamado “bando dos quatro” (segundo definição do próprio Mao em meados da década de 70) formado pela esposa de Mao (Jiang Qing) e outros três dirigentes (Zhang Chunqiao, Wang Hongwen e Yao Wenyuan).


Julgamento do "Bando dos Quatro", 1980

Lin Biao e o bando dos quatro criaram um ambiente de fanatismo em torno da figura de Mao, estimulando o culto feudal a sua pessoa, dotando-o de uma suposta infalibilidade divina. O bando dos quatro chegou a formular a tese antimarxista dos “dois todos” formulada no editorial chamado “Estudar bem os documentos e aprender o principal”: “Devemos defender com firmeza tudo o que seja uma decisão tomada pelo Presidente Mao e seguir invariavelmente tudo o que seja uma instrução dada por ele”.

Ao mesmo tempo, consideravam que “é preferível ser vermelho do que ser especialista”, “é preferível ser trabalhador sem cultura”, “possuir mais conhecimentos é ser reacionário” e rotularam como “inimigos número um” e “intelectuais burgueses” os intelectuais, artistas, técnicos, cientistas e enviaram grande quantidade deles para trabalhar em campos de reeducação, fazendo retroceder o nível da ciência, da tecnologia e da cultura em toda a China.

Durante a revolução cultural se impulsionou o sistema de distribuição baseado no “igualitarismo” de “comer todos de uma mesma panela”, se eliminou de fato a autoridade das organizações do partido suplantando-as com as decisões dos “comitês revolucionários” e os “guarda vermelhos”, se eliminou a autoridade hierárquica substituindo-a com “mobilizações revolucionárias das massas” e se elogiou o chamado “comunismo dos pobres”.

Como conseqüência de tudo isso, muitos comunistas e pessoas das massas foram rotulados como “contra-revolucionárias” e foram vítimas de repressões arbitrárias.

O SOCIALISMO COM CARACTERÍSTICAS CHINESAS

Somente o socialismo pode salvar a China, somente o socialismo pode desenvolver a China, 1989


No dia 4 de abril de 1976, três meses depois do falecimento de Zhou Enlai, teve lugar em Beijing e em outras cidades do país, um movimento de massas em memória de Zhou, em protesto contra o bando dos quatro e contra as críticas à Deng Xiaoping. A repressão do bando dos quatro originou uma grande concentração de manifestantes na Praça da Paz de Tienanmen, que apesar de ter sido qualificada por Mao de “incidente contra-revolucionário”, assentou as bases para a liquidação do bando dos quatro e do final da revolução cultural.

Em dezembro de 1978, na III Sessão plenária do XI Comitê Central assentou as bases teóricas e práticas decisivas para iniciar o processo de reforma e abertura e da construção do socialismo com características chinesas. A partir dessa sessão histórica nos anos seguintes foram tomadas as seguintes medidas:

O centro da atividade do partido e do governo passa a ser as quatro modernizações da agricultura, indústria, tecnologia e defesa, guiados pelos quatro princípios fundamentais (persistir no caminho socialista, persistir na ditadura do proletariado, persistir na direção do Partido Comunista e persistir no marxismo-leninismo e no pensamento de Mao Zedong).

Foi descartada a idéia que a luta de classes e uma nova revolução fossem as tarefas centrais, por ser uma idéia contraditória com o caráter socialista da realidade da China e do marxismo. Uma vez tomado o poder a contradição principal passa a ser entre o débil e limitado desenvolvimento das forças produtivas e a crescente demanda das massas populares.

Restaurou-se a direção do partido e a disciplina hierárquica no exército, considerando como anarquismo as tentativas de substitui-lás por comitês paralelos ou “mobilizações de massas” e “dazibaos”. Se restauraram as pessoas e dirigentes vitimas da repressão arbitrária durante a revolução cultural.

Descartou-se o “igualitarismo” de “comer todos de uma mesma panela” por ser um critério de distribuição alheio, tanto com a fase socialista (cada um segundo seu trabalho), quanto à fase comunista (a cada um segundo suas necessidades). Determinou-se que a China se encontrava na fase primária do socialismo e que dita fase poderia durar 100 anos desde a fundação da República Popular. Sobre essa base se estabeleceu o sistema de distribuição de aplicação prática, concreta, de cada um segundo o desenvolvimento das forças produtivas e não sobre a base de sua posição político-ideológica. Tendo em conta o grande peso de milhares de anos de feudalismo na sociedade chinesa, se impulsionou os investimentos estrangeiros, a existência do setor privado da economia para estimular a competitividade e a iniciativa, como complemento necessário, estimulo da coluna vertebral da economia estatal e pública socialista.

Se deixou de lado o conceito de “comunismo dos pobres” por considerá-lo incompátivel com o marxismo-leninismo e o pensamento de Mao Zedong. A sociedade comunista é o contrário da pobresa, pois presupoem uma grande riqueza material e espiritual da sociedade. A sociedade socialista, para avançar, precisa atender as necessidades materiais e espirituais das massas, assim como eliminar com relativa rapidez a pobreza e escasez herdados do velho sistema social.

No terreno ideológico, os chineses deixaram de lado pronunciamentos teóricos a margem da prática e do desenvolvimento das forças produtivas, passando a considerá-los como estranhos ao marxismo e as necessidades das massas da China. Se combateu, como algo próprio do feudalismo, o culto as pessoas, mesmo quando muito eminentes, e ao fanatismo e patriarcalismo. Se assumiu que a educação ideológica, para que as massas façam do socialismo algo seu, só possui eficácia na medida que ela venha acompanhada pelo desenvolvimento material, para eliminação da pobreza e da escaçez.

Com relação a Mao Zedong, se fez uma avaliação de 70% positivo e 30% negativo, considerando que o pensamento de Mao Zedong prevalece sobre os erros de seus últimos anos de vida. Se estabeleceu que um dos motivos essenciais dos ditos erros de Mao, foram o longo periodo e vários séculos de feudalismo na China, como consequência do culto fanático a sua pessoa permitido por ele, e as atitudes patriarcais, na qual originou o seu distanciamento da realidade objetiva, das massas e das suas necessidades reais. A eleição pessoal de seus sucessores, como Lin Biao e Hua Guofeng, seria uma prática típica do feudalismo, inferior inclusive, ao capitalismo.

O pensamento de Mao Zedong representa todo o correto que fez em sua vida, especialmente a aplicação e o desenvolvimento do marxismo-leninismo de acordo com as características chinesas, nos terrenos do caráter da revolução chinesa, que possibilitou a tomada do poder, e o afastamento da supremacia do imperialismo e do feudalismo; a estratégica-tática com a sucessiva política de alianças; da filosofia, especialmente a existência universal da contradição em seus diferentes níveis; a relação entre prática e teoria , e o desenvolvimento do conceito marxista do conhecimento, que se baseia na busca da verdade nos fatos; e a política internacional sobre a base da teoria dos 3 mundos. Os erros de Mao nos últimos anos de sua vida estavam em completa contradição com o Pensamento de Mao Zedong.

Tendo em vista que o feudalismo é uma etapa histórica anterior e inferior ao capitalismo, se considerou que era errôneo tentar virar a roda da história, ao preferirem a pobreza e a ociosidade (o comunismo primitivo e o “bando dos quatro”) do que a criação de empresas competitivas exigentes, como uma moderna gestão e produção. Nesse sentido, a existência de determinadas formas capitalistas submetidas a coluna vertebral estatal e pública do estado socialista, na China, seria inevitável no processo histórico, até eliminar todo o vestigio de feudalismo e consolidar a modernização. A existência de empresários do setor privado em países socialistas como China e Vietnã, durante todo esse período, não supoem a existência da burguesia como classe, na medida que não podem realizar atividades contrárias ao estado socialista, nem podem controlar o sistema financeiro, nem a economia central da nação. Em todo o caso é preferivel ter a existência desse setor privado, do que metade do terreno cultivavel no campo, parado, sem utilização, como ocorria em Cuba e está se retificando agora.

A apropriação privada da mais-valía não se realiza somente no marco de empresas e empresários privados. Ocorre com mais intensidade sob sistema de distribuição “igualitárioo” de “comer todos de uma mesma panela” da “revolução cultural”. Quem não trabalha se apropria da mais-valía de quem trabalha. Quem trabalha menos se apropria da mais-valía de quem trabalha mais. Com o agravante de que no final, o resultado de tudo isso é que ninguém trabalha, e os que trabalham, trabalham pouco.

No que diz respeito a reunificação da pátria, sua materialização só seria possível utilizando a base de “um país, dois sistemas”. O desenvolvimento da República Popular da China é indispensável para materializar a reunificação e não basta somente as declarações patrióticas, pois o melhor patriotismo é o desenvolvimento. Do mesmo modo, devido ao reconhecimento das diferenças do ponto de partida entre os territórios, se estabelece uma verdadeira autonomia durante mais ou menos 50 anos.

No terreno internacional se reafirma que a China nunca será uma superpotência independentemente de seu nivel de desenvolvimento. Se ratifica a coexistencia pacifica e se estabelece relações com outros estados e partidos, independentes de sua base ideológia, partindo do fato de que somente o povo de cada país pode decidir seu próprio caminho, afinal, somente cada povo e cada partido, em cada país, pode chegar a conhecer sua realidade social e possibilitar sua transformação. A origem dessa posição é o critério marxista de que, no geral, os fatores determinantes no desenvolvimento dos fenomenos são os fatores internos. Como consequencia, o conhecimento só pode ser adquirido mediante o contato permanente com a própria realidade social e a luta para transformá-la.

O valor real ou ficticio das autodefinições, só podem ser avaliadas pela prática social de cada movimento no próprio país e se servem ou não, ao desenvolvimento das forças produtivas no beneficio de cada povo sob o socialismo, ou a transformação social de mudança das classes no poder sob o capitalismo. Do mesmo modo, na política internacional, a imposição estrangeira pela força a outros povos, não pode ser justificada ou aprovadas em nome de uma ideologia, seja ela qual for.

REPERCURSÕES DA REVOLUÇÃO CULTURAL NA ESPANHA


A “revolução cultural” foi expressão do descontentamento com os revisionistas: a política de colaboração com a oligarquia, da direção do PCE, dirigido por Santiago Carrillo, que presupunha a reforma da ditadura do capital monopolista. Teve um forte impacto, ainda que minoritário, em um setor das fileiras comunistas na clandestinidade, provocando diversas fraçoes “pró-chinesas” no PCE (PCE (i), ORT) e o PCE (m-l) criado 2 anos antes do início da “revolução cultural”. Entre todos eles, o PCE (i) daria origem ao maior partido revolucionário europeu, que chegou a ter a maior influência entre as massas, o Partido do Trabalho da Espanha (PTE).

O PCE (i) chegou a tentar aplicar a “revolução cultural” chinesa no interior do partido na Espanha, exigindo a “proletarização” e “bolchevização” de seus militantes. Os camaradas de origem de classe pequeno-burguesa deveriam começar a trabalhar em fábricas pára se reeducarem e todos os militantes deveriam levar a cabo uma dedicação absoluta ao partido, doando todo seu tempo e dinheiro disponivel para o partido. Inclusive, se recomendava-exigía que não se tivessem filhos para dessa forma terem mais tempo e dinheiro para o partido. Porém, os chefes do Comitê Central tinham previlégios especiais e arbitrários e exerciam de fato uma ditadura fascista com os militantes de base. Posteriormente, o PTE que surgiu dele, a ORT, o PCE (r) e o PCE (m-l) romperam apenas em certa medida com esse funcionamento arbitrário, mas continuarem dependentes em relação a China, a Albânia ou a Romênia.

Quando a “revolução cultural” chinesa começa a chegar no fim, e se começa a Reforma e Abertura na China, todos esses partidos continuam cheios de prepotência, porém ficaram bloqueados ideologicamente. PTE y ORT, havendo criado “sindicatos assembléarios” de cada partido, chegam a ter uma certe influência, mas praticamente desaparecem devido ao sectarismo das diferentes organizações. Foram incapazes de fazerem uma analise concreta da realidade concreta da luta de classes na Espanha., dos movimentos de massas e seus ensinamentos e do verdadeiro caráter da reforma espanhola como continuação da ditadura monopolista do capital. Igualmente, foram incapazes de entender a diferença de tarefas entre o proletariado de um país socialista e de um país capitalista, confundindo a luta de classes com as relações entre estados de diferentes regimes sociais, pretendendo que os países socialistas tivessem obrigação de aplicar a luta de classes no “internacionalismo”. Essa idéia ganhou força com o papel beligerante e propagandistico de Cuba ao serviço do “ressurgimento” do falso “leninismo” de Brezhnev e seu falso internacionalismo, que máscarava intervenções e invasões de países estrangeiros.

No calor desta “nova” política do continuador de Kruschev, e já em plena “democracia espanhola” da ditadura monopolista do capital, surgem os partidos pró-soviéticos, cheios de dogmatismo no ideológico e de reformismo no político, PCPE, PCOE, PCC, PCE (r). O PCE (r) muda de lado, antes era maoísta e depois se transforma em pró-soviético. Nenhum deles estabelecem diferenças com os “revisionistas” e na prática da luta de classes, com exceção do PCE (r) que apóia supostas “ações guerrilheiras de resistência”, se limitam a servir de porta-vozes da URSS/Cuba e as vezes, conduzem violentos ataques contra o “revisionismo” dos chineses.

O PCE, principal torcedor pela reforma da ditadura monopolista do capital na Espanha, permanece atolado no reformismo, ao mesmo tempo, é o único que mantém uma linha coerentemente reformista, mantendo um relativo protagonismo entre a chamada “esquerda” constitucional.

CONCLUSÕES

A realidade atual demonstra vários aspectos importantes:

A política de Reforma e Abertura chinesa, retirou da miséria cerca de 500 milhões de pessoas em 30 anos, em um país com 23% da população mundial e somente 7% de terreno cultivavel. Tudo isso sem invasões a outros países e com uma política de igualdade e beneficiou mutuo, com todos os países, epecialmente com os do terceiro mundo. Pela primeira vez na história da humanidade, um país emerge com tal rapidez de maneira pacifica, apesar das continuas provocações externas tanto dos imperialistas, como dos “esquerdistas radicais” ou “comunistas” (na verdade anarco-trotskistas) estimulados de fato pelo imperialismo e sua permanente campanha anti-China, com seus meios totalitários de manipulação de massas no Ocidente.

A derrota da “revolução cultural” significa a derrota da ideologia feudal na China e a recuperação do marxismo, elevando-o e desenvolvendo-o a um nível superior.

As etapas históricas, sociedades primitivas, feudalismo, capitalismo, socialismo e comunismo se sucedem, não podendo ser ignoradas.

A maior contribuição ao internacionalismo hoje é o desenvolvimento socialista de ¼ da população mundia, frente a um panorama de recessão do capitalismo internacional.

Na prática, cada vez mais, a China se converte na referencia principal da luta pela emancipação no terceiro mundo e nos países socialistas. Porém, a China não pretende guiar os demais países, nem dizer aos demais o que devem fazer. Alguns países socialistas também tiveram que retificar suas anteriores políticas, para tentarem superar a estagnação e eliminar seus graves ataques à República Popular da China.

Da mesma maneira que na luta de classes existe uma vanguarda comunista, e esta não podem deixar esperar que o conjunto das massas adquiram espontaneamente o nível ideológico, político e organizativo do partido, na construção economica socialista é necessário que a vanguarda dos mais esforçados e abnegagos trabalhadores abram uma brecha no desenvolvimento material e alcancem, antes que o resto, servido de exemplo, sua elevação profissional e produtiva e, portanto, seu bem-estar economico.
A maturidade de uma ideologia é como a das pessoas. Se adquire com o sucessivo conhecimento de analises da prática, que é viva e se transforma, especialmente, tirando lições dos fracassos.

Com respeito a Espanha:

Permanecem as sequelas das posições, ou do reformismo pró-monopolista, ou do dogmatismo reformista no movimento comunista. É o domínio das declarações, para justificar a ausência de uma analise concreta da realidade concreta e o compromisso prático para lutar contra os problemas das massas e transformar o movimento. Há alguma tentativa (PCOE) para, a partir dos problemas do povo, construir “movimento de massas” organicamente controlados pelo partido, repetindo os velhos erros de arrogância e burocratismo do PCE (m-l), PTE e ORT.

Isso ocorre pelo seu temor a realizar uma analise rigora do passado, pois isso os obrigaria a fazer uma autocrítica consequente, que ainda não estão dispostos a fazer. Isso faz com que eles não analisem as experiências tanto positiva, como negativa da luta de classes na Espanha, pelos grupos proclamados comunistas e também pelas massas.

O internacionalismo, ou melhor dizendo, a exigência de “internacionalismo” por parte da China, se converteu em álibe para não se enfrentar o inimigo monopolista na Espanha, e sim enfrentar, de uma maneira ou de outra, a China. O estado monopolista promove esse tipo de atividade a fim de desviar os “comunistas” do problema principal. O estado monopolista está muito interessado que as massas sigam relacionando o comunismo com a miséria, a arbitrariedade e o culto fanático e divino ao “grande líder” e o capialismo com o desenvolvimento e a democracia. Não se entende ainda que o internacionalista não é aquele que pede, mas sim aquele que contribui concretamente.

Tanto as idéias erroenas da “revolução cultural”, e também as da URSS de Brezhnev, como as de apoio a ditadura do estado monoponilista, chamada de “democracia”, seguem impedindo o surgimento da vanguarda comunista. É fato de que cada povo e cada partido deve realizar sua própria reflexão crítica e autocrítica, derrubando o muro criado, que impede a analisar o passado e o presente, porque sem isso não se pode estabelecer uma estratégia política nem organizativa acertada em nosso próprio país. É uma enorme responsabilidade ainda não assumida de forma consequente. Na realidade, o temor de se abordar criticamente o passado e aplicar suas liçlões no presente, é uma consequência ideológica do silêncio imposto pelo consenso do esquecimento sobre o franquismo.

Aprender das lições que nos oferecem o fracasso da “revolução cultural” não significa aplicar em outro país o caminho adotado pela China, mas sim compreender a realidade atual do desenvolvimento do marxismo, apoiar os países socialistas respeitando suas características e a diversidade entre os diferentes países em função de seu desenvolvimento economico, social e político. Isso reafirma a necessidade de cada povo contar com seus próprios esforços, sem esperar que um acontecimento exterior os liberte. Essa é outro fardo que temos que superar na Espanha, onde desde seu inicio, em 1921, o movimento comunista confiou no exterior, primeiro para tomar o poder ganhando a guerra com a ajuda soviética, depois para derrotar o franquismo (depois da vitória soviética na II Guerra Mundial) e agora para serem libertados por uma suposta “internacional”.


José Maria Rodríguez

Tradução - Gabriel Martinez

* O texto publicado não reflete necessariamente a opinião do Blog.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Texto de Wen Jiabao


Reforma e Abertura - "A inalterável força dirigente do desenvolvimento chinês"
Wen Jiabao*

O ano de 2008 marca os 30 anos da política de Reforma e Abertura na China. Este processo garantiu “a histórica transição de uma economia centralmente planificada a uma vigorosa economia de mercado socialista e de uma sociedade fechada ou semi fechada para outra completamente aberta ao mundo”. São três décadas de contínuo crescimento econômico. Contradições e dilemas, todavia, ainda terão de ser vencidos para a China ultrapassar “o estágio primário do socialismo”. Este é o tema do pronunciamento do Primeiro Ministro da República Popular da China, Wen Jiabao no Fórum Econômico Mundial de Verão Davos realizado na China em setembro de 2008.

Em 37 anos, desde seu início, o Fórum Econômico Mundial tem aumentado sua importância como uma plataforma para intercâmbios internacionais e diálogo e um importante ator na promoção do progresso e do desenvolvimento mundial. No ano passado, Davos realizou seu primeiro bem-sucedido encontro anual em Dalian, China, e hoje promove seu segundo encontro anual em Tianjin. Nós nos congratulamos com o progresso do Fórum e seus feitos, e com o aprofundamento da cooperação entre a China e o Fórum.


Balanço dos últimos 30 anos de reforma na China

Este ano marca o 30º aniversário da implementação da política de Reforma e Abertura da China. Como classificar a China de 30 anos atrás? Naquele tempo, tínhamos posto um fim à “Revolução Cultural”, e o país era um Estado fechado ou semifechado com sua economia à beira de um colapso. “Qual caminho deveríamos seguir?” Foi a grande e urgente questão posta ao povo chinês. Seguindo os princípios de libertar as mentes e buscar a verdade nos fatos, escolhemos o caminho da reforma e da abertura – uma escolha correta que desde então norteia o curso do desenvolvimento da China contemporânea.

As reformas em nosso país iniciaram-se na zona rural. Espalharam-se do campo para as cidades e do setor econômico para o político, o cultural, o social e para todas as outras áreas. O que se iniciou como uma pequena corrente transformou-se em uma poderosa corrente. O esforço do processo de abertura iniciou-se com o estabelecimento de Shenzen e outras três Zonas Econômicas Especiais seguidas pela expansão ao longo do litoral, rios e áreas de fronteiras, e de forma gradual seu alcance tornou-se algo direcionado por todo o país como um elo com o papel de multidirecionar o processo de abertura. Temos logrado uma histórica transição de uma economia centralmente planificada a uma vigorosa economia de mercado socialista, e de uma sociedade fechada ou semifechada para outra completamente aberta ao mundo.

Temos estabelecido um sistema econômico básico e adequado ao estágio primário do socialismo, um moderno sistema corporativo em harmonia com as necessidades de uma economia de mercado, e um moderno sistema mercantil capaz de gerenciar o sistema de forma aberta, competitiva e em boa ordem. Temos viabilizado um sistema de regulação macroeconômica baseada principalmente em meios legais e econômicos. E, de forma gradual, estamos melhorando o sistema em que a distribuição de acordo com o trabalho é a forma dominante, coexistindo com variadas formas de distribuição.

A rede de segurança social está sendo melhorada para aumentar a igualdade e a justiça. Ao mesmo tempo, temos avançado na reforma da educação, cultura, ciência e tecnologia, saúde e outras áreas, promovendo reestruturações políticas focando a expansão da democracia socialista e adotando a estratégia de construir um país guiado pela lei.
A Reforma e a Abertura trouxeram uma fundamental mudança ante o isolamento, o atraso e a ossificação que marcaram nosso país por muitos anos.

A Reforma e a Abertura libertaram a mente do povo, romperam as barreiras institucionais à viabilização do desenvolvimento, desencadearam um tremendo entusiasmo e criatividade de centenas de milhões de chineses, injetando grande vigor e vitalidade no seio da nação, e de forma robusta estimularam o desenvolvimento econômico e social. Como resultado, a China conseguiu 30 anos de contínuo e rápido crescimento econômico. Em 1978, o PIB chinês significava somente 1% do total mundial. Em 2001, ultrapassamos a marca de 5.

Entre 1978 e 2007 a participação chinesa no comércio mundial saltou de menos de 1% para aproximadamente 8%. A política de Reforma e Abertura tem redundado reais benefícios para o povo, cujo padrão de vida tem experimentado grandes mudanças – da falta de alimentação e vestuário adequados para uma moderada prosperidade. O mais importante reside no fato de a Reforma e Abertura estar revigorando a sociedade como um todo e permitindo ao povo a possibilidade de uma vida feliz através do trabalho árduo, com simplicidade e sabedoria.

A China se encontra no estágio primário do socialismo

As transformações ocorridas na China nas últimas três décadas não seriam reais fora dos marcos da política de Reforma e Abertura. Para atingirmos os objetivos de nosso processo de modernização e colocar a China no rumo de uma nação próspera, forte, democrática, culturalmente avançada e numa nação harmoniosa, devemos continuar e aperfeiçoar a nossa reforma e abertura. A China se encontra no estágio primário do socialismo e vai permanecer nesse estágio por muito tempo, e existem muitas questões econômicas e sociais que clamam nossa atenção. Por exemplo, existem desequilíbrios e desarmonia no desenvolvimento entre as áreas urbanas e rurais, dentro das diferentes regiões e entre os setores econômicos e sociais. O padrão do crescimento econômico permanece extensivo. Existem pesadas pressões populacionais, ambientais e de recursos, assim como muitos desafios em matéria de emprego, previdência social, distribuição de renda, educação e saúde. A corrupção é também um problema sério. A solução fundamental para tais problemas reside no aprofundamento da reforma. Somente pela continuidade da reforma e a abertura poderá ter a China um brilhante futuro. A política de Reforma e Abertura guarda grande importância e entusiasmo ao processo integral do esforço de modernização da China.

Continuaremos a aprofundar a reforma econômica. Dar-se-á continuidade ao aperfeiçoamento da base dos sistemas econômicos e de mercado, intensificará as reformas fiscais, sobre os impostos, e dos sistemas bancários. E se buscará a melhora sobre o sistema de regulação macroeconômica. No presente estágio, tem particular importância acelerar a reforma dos mecanismos de formação dos preços de determinados produtos, de forma que o mercado jogue maior papel na alocação de recursos, promover a continuidade da reforma institucional do sistema de ações nas Empresas Estatais e aperfeiçoar o sistema moderno corporativo. Estará em andamento a viabilização de um melhor sistema público financeiro, da transferência do sistema de pagamentos, levar adiante a reforma da taxa sobre valor agregado e implementar um sistema de compensações pelo uso de recursos e por prejuízos causados ao meio-ambiente.


Sem democracia, não pode haver socialismo

Continuarão a evoluir a promoção da reestruturação e reforma do sistema político em outros aspectos. A Democracia Popular é a essência do socialismo. Sem democracia não pode haver socialismo. Não somente estamos utilizando o aspecto econômico no sentido de elevar o nível de vida de nosso povo, mas concomitantemente ao desenvolvimento econômico estamos processando a proteção de seus direitos democráticos aperfeiçoando a democracia e um sistema legal sob o impulso da promoção da igualdade social e da justiça. Estamos construindo um país socialista sob a égide da lei tanto sobre o Estado quanto aos assuntos relacionados às questões sociais. Criam-se condições para que o povo não seja impedido de criticar e supervisionar de forma mais eficiente o trabalho do governo, gestando um ambiente político vivaz de forma que qualquer cidadão sinta-se satisfeito e a sociedade se desenvolva com harmonia. Faz-se necessário garantir que nosso sistema educacional seja compatível com as necessidades do povo, e que toda criança frequente a escola e receba uma boa educação. Iniciamos o provimento cuidadoso de um sistema básico de saúde que venha atender alcançar toda nossa população. E promoveremos um sistema previdenciário capaz de abranger as áreas urbanas e rurais de forma rápida e eficiente, fazendo o melhor possível ante a vulnerabilidade da sociedade de forma que todos colham os frutos da reforma e do desenvolvimento. Grande contribuição à humanidade

Daremos continuidade ao aprofundamento com maior extensão ao processo de abertura. A abertura é sinônimo de primeira grandeza de nossa reforma. Somente um país aberto e incluído na ordem internacional poderá prosperar. A abertura de nosso país no longo prazo e em todas as direções deverá beneficiar a todos. Implementaremos toda e qualquer política no sentido de facilitar nossa abertura. Manteremos nossos aprendizado e observações acerca de todas as conquistas da civilização humana. Tomaremos parte ativa na globalização econômica, atuando para que se estabeleça um justo e equilibrado regime comercial e financeiro. Firmemente apoiaremos os esforços para que brevemente e de forma balanceada alcancemos um ponto de equilíbrio na Rodada de Doha e sejam adequadas as normas que regem o comércio internacional, levando adiante a liberalização do comércio e do investimento, e continuando a jogar um papel construtivo na multilaterização do sistema de comércio internacional. Jogaremos peso na reforma estrutural dos aspectos relacionados ao comércio internacional, elaborando novos regulamentos, leis e políticas, expandindo o acesso ao mercado, fortalecendo a proteção aos direitos relacionados à propriedade intelectual e prover um melhor ambiente aos negócios relacionados ao comércio exterior na China. Com um sistema aperfeiçoado, uma dinâmica sociedade, com desenvolvimento sólido, sustentado e com alto grau de abertura, a China não somente estará beneficiando seus 1,3 bilhão de habitantes, mas consequentemente daremos uma grande contribuição à paz e ao desenvolvimento mundial.

Como relatei no início do ano, 2008 poderá ser muito difícil à economia chinesa. Experimentamos uma grande tempestade de neve e chuvas de granizo, além de um devastador terremoto, e enfrentamos uma completa e mutante situação interna e externa. Ainda temos de lidar com dificuldades, entre elas as relacionadas à garantia e à manutenção do rápido crescimento econômico. Nos primeiros seis meses do ano, O PIB cresceu 10,4% em comparação ao mesmo período do ano passado. A agricultura tem experimentado um bom desempenho e as colheitas de verão registraram cinco anos seguidos de crescimento. As demandas por investimentos, consumo e exportações estão crescendo num ritmo mais balanceado como expressão de uma melhor coordenação no desenvolvimento econômico. Com a aceleração do ajuste na estrutura industrial, notáveis progressos na conservação e redução de emissão de poluentes, e um rápido e evidente crescimento na arrecadação de impostos e maiores benefícios comerciais, a qualidade e a eficiência do desenvolvimento têm-se mantido em contínua progressão. Mais empregos têm sido criados nas áreas urbanas, e a renda rural e urbana continua elevando-se. Nos últimos meses, o índice de preços ao consumidor tem tido tendência de queda. Resumindo, os fundamentos econômicos da China não passaram por grandes mudanças e a economia move-se na direção pré-estabelecida nos marcos de uma política de controle macro-econômica.

Nota-se o interesse dos senhores acerca da capacidade da economia chinesa de no futuro manter um crescimento acelerado. Deixe-me compartilhar com vocês minhas observações. Estamos enfrentando consideráveis dificuldades. Primeiro, o ambiente econômico mundial está adentrando a uma situação difícil e de maior complexidade, com a exacerbação da volatilidade financeira e uma diminuição lenta da atividade econômica. Segundo, a pressão ao aumento dos preços internos continua alta. Os fundamentos da agricultura continuam perdendo força. Os limites ao desenvolvimento, entre eles a energia e os recursos, são por demais sérios. Algumas indústrias e atividades relacionadas à produção estão passando por dificuldades no campo da produção e do gerenciamento, já não se pode ocultar problemas no setor financeiro. Entretanto, todas as mencionadas dificuldades são parte intrínseca ao curso de nosso desenvolvimento. Existem muitas condições favoráveis para a manutenção de um crescimento rápido e sustentável em nosso país. A China encontra-se em um estágio caracterizado por uma rápida industrialização e urbanização e com grande potencial de crescimento econômico. Perdurará por muito tempo o importante período estratégico caracterizado pela existência de oportunidades ao desenvolvimento chinês. Contamos com uma grande reserva de trabalho e capital bem como com um grande potencial de crescimento de demandas por consumo e investimentos internos. O mercado chinês é vasto e suas empresas estão se tornando mais competitivas e dinâmicas. Nossa capacidade e o nível do controle macroeconômico continuam progredindo através da prática. Gozamos de uma satisfatória estabilidade política e social. No processo da política de Reforma e Abertura temos elaborado linhas básicas, estratégias e princípios que nos permitem aprofundar nossos conhecimentos acerca de nossas condições nacionais e da situação de nosso povo. Todos esses fatores terão impacto no longo prazo. Acrescento que atualmente a paz e o desenvolvimento continuam a ser tendência central do mundo, e o ambiente internacional como um todo é favorável ao desenvolvimento da China. Temos plena confiança e aptidão para obter êxito ante as várias dificuldades que surgirem no sentido de manter um rápido crescimento da economia nacional por um longo período de tempo.

A cidade-sede deste Fórum, Tianjin, é o berço da moderna indústria chinesa e uma das primeiras cidades a ser aberta ao mundo. Trata-se de uma importante cidade portuária. Desenvolver e abrir a Nova Zona de Binhai, nela situada. Toda uma estratégia foi elaborada para no futuro esta Zona vir a se tornar um novo ponto de crescimento de nosso país. Muitos de vocês representam grandes e dinâmicas empresas e com grande potencial de desenvolvimento. Serão muito bem-vindos para investir em nosso país, dar início a negócios em Tianjin e aproveitar de forma firme as oportunidades de desenvolvimento. Concluindo, de forma sincera, desejo que este Fórum seja logrado de êxito!

Wen Jiabao é geólogo e desde 2003 acumula os cargos de primeiro-ministro da República Popular da China e de membro do Comitê Permanente do Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista da China.

Intervenção proferida na abertura do encontro anual de Verão de Davos, promovido pelo “Fórum Econômico Mundial”, na cidade de Tianjin, 27 de setembro de 2008.

Título original: “Full text of Chinese Premier Wen Jiabao’s speech at 2008 Summer Davos in Tianjin – Reform and Opening-up – the Eternal Driving Force For China’s Development”.

Disponível em: http://english.cpc.people.com.cn/66102/6508063.html

Tradução – Elias Jabbour

Texto retirado da edição 98 da Revista Princípios.

Líder separatista dalai lama faz pregação direitista na Eslováquia


O líder separatista dalai lama, do Tibete, foi receber um prêmio na Eslováquia, onde previu mudanças no “regime” político da China e questionou a existência de uma “ideologia comunista” no país.

Usando velhos chavões da direita internacional, ele fez pregações antidemocráticas e não comentou as questões pertinentes levantadas pelo governo socialista de Pequim para a questão do Tibete.


“Os regimes autoritários são cada vez menos no mundo, já que a tendência é que as democracias se fortaleçam. E isto também vale para a China, onde hoje o Partido Comunista não tem ideologia comunista nem socialista, mas, é na verdade, capitalista”, disse o separatista, em tom provocador.

A distinção foi em “reconhecimento” à luta do separatista pelos “direitos humanos” — velha bandeira da direita, ao lado da “liberdade de imprensa”, para atacar as democracias que não rezam pela cartilha de Washington.

Ainda segundo o separatista, há cada vez mais “intelectuais chineses” que criticam o “regime” de Pequim e apoiam um “Tibete livre”.

Com agências


Fonte: O outro lado da notícia -